Projeções foram apresentadas em Almoço Empresarial da CIC Teutônia
Cenários econômicos para 2019 pautaram o último Almoço Empresarial da CIC Teutônia em 2018. O evento, realizado no dia 07 de dezembro no Auditório 03 da entidade, contou com o apoio da Sicredi Ouro Branco e reuniu grande público. O palestrante foi o economista Alexandre Englert Barbosa, mestre e doutor em economia, responsável pela área econômica do Sicredi e que atualmente exerce o cargo de superintendente de riscos e economia do Banco Cooperativo Sicredi.
Otimismo e articulação política
Após as definições do período eleitoral, Barbosa avalia como positivas as escolhas da nova equipe econômica no Governo Federal. “Há um diagnóstico correto do que está acontecendo com o Brasil, reconhecendo que houveram excessos por parte do setor público, com enormes desequilíbrios que ocasionaram a recessão. Não à toa, há 14 milhões de desempregados e, em dois anos, 7% do PIB desapareceram. É a conta que estamos pagando hoje”, resumiu. Para ele, há um clima que vai além do otimismo, que beira a “euforia”, apesar dos grandes desafios do novo governo que assume em 1º de janeiro de 2019, especialmente no que se refere à articulação política. “Política é uma arte, mas a opção por ministros considerados técnicos era um anseio da população. Com a demonstração de que estamos caminhando para o ‘caminho certo’, surgem reações positivas, os consumidores e os empresários ficam mais confiantes e investem, com a economia girando de forma sustentável”, avaliou.
Projeção
Segundo o economista, o Brasil vai crescer em 2019, mais que em 2018. “Não crescemos muito este ano, algo em torno de 1,3%, mas crescer em 2019 é o mínimo que podemos esperar. Temos uma oportunidade única, que não pode ser desperdiçada, criando condições melhores para os anos subsequentes. No próximo ano o Brasil tem condições de passar por uma mudança significativa, o que vai depender muito de quem está lá e do apoio para que se façam as reformas necessárias. Mais do que o crescimento, é como virá esse crescimento”, estimou.
Conforme Barbosa, um dos grandes focos econômicos do novo governo deve ser o ajuste das contas públicas, que classificou como “o pecado original que nos jogou numa recessão histórica que não se via no país”. “A dívida pública é gigantesca. O aumento da dívida brasileira de 2013 até 2018 é maior que a dívida de todos os países da América Latina, excluindo o México.”
A projeção do PIB para 2019 é de crescimento entre 2,5% e 2,8% com cenário de reformas moderadas e superior a 3% com reformas mais profundas. “Não havendo as reformas, a projeção do PIB para o próximo ano está indefinida”, acrescentou.
Câmbio, inflação e juros
Barbosa referendou que a taxa de câmbio é a variável mais complexa, que sofre influência direta da agenda de reformas, da taxa de juros dos Estados Unidos e do agravamento das tensões geopolíticas. “Com reformas moderadas a taxa de câmbio deve ficar entre R$ 3,75 e R$ 3,80; se tivermos um governo de fato reformista, pode cair a R$ 3,40; mas em não havendo reformas, vai superar os R$ 4,00”, explicou.
Num cenário de inflação contida, ressaltou que esse retrospecto possibilita que a taxa de juros seja baixa, o que permite investimentos. Também projeta indicadores positivos para o crédito. “A inadimplência vem caindo, as famílias reduziram o tamanho da dívida com relação ao seu orçamento em função das incertezas, então há mais espaço para que tomem mais crédito”, citou.
Produção agropecuária
O cenário para a produção agropecuária prevê pequena elevação dos preços da soja; preços do milho mais baixos em 2019 com exportação em baixa, queda da demanda interna e aumento dos estoques; cenário positivo para a carne bovina, com bom desempenho das exportações; perspectiva de melhora para a avicultura e a suinocultura; e preços altos no leite, com produtores no positivo, cuja reação dos preços deve acontecer no segundo trimestre de 2019.
TEXTO – Leandro Augusto Hamester